Qdo era adolescente eu era esquisita, magrela, desconjuntada e torta, mas de vez em quando aparecia um ou outro maluco querendo me pegar. Alguns conseguiam. E nessa coisa de ficar um pouco aqui, esperar o príncipe encantado ali, tomar foras acolá eu aprendi que amizade colorida é uma coisa muito útil na vida!!
E eu tinha um amigo desses: o Ronaldo.
Ele era bonito. Ele era descolado. Ele tocava violão nas rodinhas, falava inglês, era engraçado... e ainda por cima me dava uns beijos sempre que tinha a chance. Quase perdi minha virgindade com ele (ao som de uma fita cassete do Red Hot Chilli Peppers, tocando Give it away numa versao remix interminável hahhha)
A gente morava pertinho um do outro mas nem sempre se encontrava. Quando nos enontrávamos era fatal: a gente ficava!
E depois de um tempo, começamos a reparar que mesmo sem combinar lugar e hora agente SEMPRE se encontrava na praia no réveillon. Mesmo no meio daquela multidão q se forma na praia. Teve um ano que a gente se desencontrou de noite mas no dia 01 eu fui à praia e dei de cara com ele dentro do mar (vale lembrar que a praia de PG tem 27km de extensão)! Por conta disso, quando a gente se encontrava o nosso cumprimento era sempre "Feliz Ano Novo".
Quando mudei pro ensino médio, decidi fazer escola técnica e fui estudar na mesma escola que ele. Não consigo me lembrar, mas eu ACHO que não chegamos a ficar nenhuma vez nessa época.
Mas mesmo assim ele foi importantísimo pq logo nos primeiros dias de aula, ele - que já tava no 3° ano e conhecia todo mundo - me apresentou pra várias pessoas. Inclusive um tal de Luiz Pedro, que no decorrer daquele ano ia se tornar o meu melhor amigo e substituto do Ronaldo no posto de "amigo que eu dou uns beijos". O resto da história é simples. Casei (com o LP, nao com o o Ronaldo).
A gente cresceu, a Vila Tupi ficou pequena e cada um foi pra um canto. Perdemos o contato com ele há anos, mas hoje recebi uma mensagem dele no facebook. 3 palavrinhas, só: "Feliz Ano Novo"!
Desnecessário dizer o quanto eu fiquei contente, né?!
Pode parecer bobo, mas é muito bom ter essas referências na vida. São essas pessoas que compartilham algumas experiências em comum com a gente e que influenciam na nossa formação. É por causa dele que eu ainda sorrio quando ouço Give it away, mesmo 20 anos depois. Do mesmo jeito que outras lembranças, de outras pessoas e situações, me fazem ser quem sou hoje.
Um brinde às lembranças, aos pedacinhos de nós que deixamos nos outros e nos pedacinhos dos outros que trazemos conosco...
... e Feliz Ano Novo!