quarta-feira, 13 de abril de 2011

U2 360° - Even better than the real thing

Depois de muito tempo, aqui vai uma tentativa de resumo da saga do show do U2.
juro que vou tentar sintetizar mas foram muitas emoções(!) e muitos detalhes.


O sábado:

Fomos de busão, depois de prever que a volta seria trash demais pra voltar dirigindo. Contratamos um taxista pra volta e fomos de cometão + metrô + busão até o Morumbi.
Chegamos e encontramos o universo em volta do estádio, muvucado em mil filas diferentes, minutos antes da abertura dos portões pro show de sábado.
Encontramos nossa fila, que já tinha algumas pessoas acampadas, algumas desde terça-feira. Alguns lugares na nossa frente tinha o Bono Vox de Divinópolis. O cara é bem parecido com o Bono e tira proveito da semelhança: circulava pela fila de óculos coloridos, blusa de capuz e chapéu. De longe dá pra se confundir mesmo. Perdi as contas de quantas pessoas pararam pra tirar foto com ele. Ele foi a sensação da fila. E é muito gente boa!
colocamos nossos nomes da lista (pra evitar furões) e nos acomodamos como deu. A instrução da PM era de que só poderíamos montar barracas depois que o estádio estivesse vazio. Ou seja: isso foi só lá pra meia noite.
Precisamos ir até um shopping que tem ali perto pra comprar mais blusas, pq o frio tava maior que o que a gente esperava.
Pausa para comentário: nunca na minha vida eu dei tanto valor pra um banco de madeira sem encosto como fiz nesse dia. Muito bem lembrado pela Vanessa, a menina que tava na nossa frente na fila e foi com a gente "fazer compras".

Nesse meio tempo choveu, o show de sábado começou e a fila dobrou de tamanho.
Ouvimos o show do U2 de lá de fora, e era até engraçado ver o povo empolgado e cantando junto, como se estivesse na frente do palco.
A melhor surpresa da noite foi ouvir, detada na calçada, abraçada no LP, o nosso "tema de namoro". A música é parte da trilha sonora do filme Batman Forever, e não tá em nenhum disco deles. Eu esperava que eles tocassem qualquer música, menos essa. Surpresa ótima! (sem contar que fiquei ansiosa pra ouvir eles tocando ela de novo, no domingo)

Poucos minutos antes do show terminar começou a chover de novo e a gente percebeu - da pior maneira - que tinha perdido uma das capas. LP se molhou inteiro, tênis, blusa, camiseta... Ficamos bem preocupados, mas conseguimos remanejar as blusas e ele pelo menos tirou a roupa molhada do corpo.

Montamos a barraca, nos organizamos nos turnos (a barraca não cabia todo mundo, então cada dupla dormiu um pouco.) e parte da noite eu dormi na calçada, coberta só com meu cobertor de mendigo. Confesso que depois de uma certa hora nem senti mais e capotei. Acordei com o céu clareando.


Domingo

O dia amanheceu e a fila começou a ficar gigantesca. O sol apareceu e mostrou a que veio. Às 8 da manhã já tava um calor insuportável, e claro, eu tava do lado onde o sol nasce (e não tem nenhuma árvore, prédio, nada!).
Como a fila começou a crescer, as tretas começaram. O povo que dormiu em casa, na cama quentinha, achou que era legal ficar regulando a primeira parte da fila (no caso, nós, que passmos a noite no frio e na calçada dura). Nós estávamos encostados na parede, e sempre saía alguém pra ir ao banheiro, ou mesmo pros esquemas de revezamento que tavam rolando. E o povo lá de trás começou a achar ruim e dizer que tava todo mundo furando fila. Quanto mais o tempo passava maiores eram as discussões. Eu já tava com medo, pq se o Choque tivesse que intervir, amiguinhos, a borracha ia cantar LINDO ali e ia sobrar pra todo mundo. Mas o bate-boca não passou disso: só bate-boca mesmo, apesar de bem exaltado.
Chegamos ao ponto de ter uma placa que as pessoas usavam quando saíam da fila, avisando que era só banheiro. "Vou mijar. Não furei a fila!". Ah, e os gritos... "Fui só cagar! dormi aqui, viu!!"
E o sol castigando a negada. Muito sol, muito calor, nenhuma sombra além dos guarda-chuvas que se multiplicavam junto com os camelôs.

Enfim chegou 2 da tarde e a PM começou a apertar as grades, o que indicava que logo iam abrir os portões.
Filinha indiana, e exercício de desapego: deixamos pra trás o saco da necessidade - com papel higiênico, remédio pra dor de barriga e cabeça, álcool gel ficou pra trás junto com a barraca que deixamos na pilha de coisas do bono de Divinópolis, os cobertores de mendigo, os guarda-chuvas e o saco de alimentação com meia duzia de barrinhas de cereal. Rolou uma realocação de objetos nos bolsos, distribuição das pilhas dentro dos tênis, o processo de manter tudo 'nas mão' na hora da revista pra não perder tempo tendo a bunda apalpada e aí sim a ficha caiu: Manolo, tava chegando a hora! Começou a dar aquele negocinho na barriga...

A entrada no estádio

Abriram as porteiras, o povo correu alucinadamente, eu estiquei os braços, com um ziplock (com óculos, lenço de papel e um absorvente dentro) na mão, a PM me deixou passar direto. Catraca, código de barras, e aí sim... CORRE NEGADA!
Cheguei na catraca do Inner Circle com o pulmão ardendo, mas cheguei.
Achei a Vanessa e a tatiana (as meninas que estavam na nossa frente da fila) já sentadas no chão e me instalei junto a elas. Fiquei mais ou menos às 5:30 do círculo. Um lugar ótimo!

A espera no Inner Circle

E aí sim a espera ficou menos cômoda. Sentada não sobrava espaço, de pé eu perdia o equilíbrio por causa das pessoas sentadas...
Tentei sair pra ir ao banheiro. Foram 2 tentativas sem sucesso. só na terceira, já lá pras 6 da tarde é que eu consegui. Bem na hora que começou a chover. Com a chuva as pessoas levantaram aí sobrou espaço pra passar. Além disso, usei o esquema de "ambulância": Achei um vendedor de bebidas, que passa com o isopor na cabeça. Ele tava com o isopor vazio, e tava saindo da Red Zone pra abastecer. Fui no vácuo dele e consegui sair da muvuca em 2 minutos! \o/
Tive meu pescoço carimbado e isso era minha passagem de volta caso eu saísse do Inner Circle, mas nem precisei pq tinha um banheiro bonitão lá dentro mesmo. O banheiro da Red Zone era muito mais civilizado do que os banheiros do estádio e os químicos. Era banheiro mesmo, tinha seguranças e elas até sorriam! Tinha lavabo, sabonete, papel, protetor de assento e a porra toda. O maior luxo de todo final de semana, certamente.
Saindo do banheiro eu me assustei, pq em poucos minutos escureceu. Além disso, a chuva engrossou e eu perdi meus pontos de referência, pq todo mundo tava igual, usando capas de chuva. Somado a um palco circular, realiza o meu medo de nao achar ninguem e passar o show sozinha, chorando e chamando pela minha mãe...

E não é que achei o vendedor de bebida, de novo?
Além dele, tinha uma turma de amigos, pelo sotaque, mineiros, que tbm tava pegando carona com o vendedor. Mas como ele tava com a caixa carregada, paramos várias vezes. Mas fomos conversando, um segurando no braço do outro pra ninguém se perder.
"Moça, essa chuva tá enchendo meu copo de cerveja que tá uma beleza, sô! Faz 15 minuto que to com esse copo e ele num isvazia. Ô chuvinha bençoada!!"
Ri litros com os mineiros e consegui achar o LP e o Rodrigo. Devo dizer que a chuva + a capas de plástico ajudam no deslocamento. A capa escorregava que era uma beleza... Não esbarrei em ninguém, só deslizei pela muvuca, hahahaha.

Aí foi "só" esperar o tempo passar. E a chuva não parava de cair.
Aí o negócio é fazer amizade com quem tá em volta, apreciar a arrumação do palco, tentar reconhecer as músicas que tão tocando, analisar muito profissionalmente o tempo e fazer apostas tentando adivinhar se vai parar de chover ou não. O cabeludinho que tava do meu lado - muito simpático, aliás - fez um trato com São Pedro e pediu pra que a chuva parasse.
E não é que a chuva parou?!!
No meio do show o céu limpou de tal maneira que tinha até estrela!
Valeu aí, cabeludo que eu esqueci de perguntar o nome!

Abertura

Eu só conhecia uma música do Muse, e confesso que não g ostava dela.
Olha...
Foi uma surpresa boa. Eu continuo não gostando do jeito como o vocalista canta. Acho que ele grita demais... Mas a banda, a parte instrumental deles, arregaçou. Gostei muito!!
Um dia vou procurar e quem sabe compro um cd. Quem sabe...

E finalmente...

O show do Muse acabou, e eu já tava puta com a atitude de boa parte das pessoas gritando pros caras irem embora. Isso é de uma falta de educação TÃO grande...
Mas enfim.
Destaque pra um dos roadies, carinhosamente chamado de "Boninho". Cada vez que ele aparecia no palco, ele agitava a galera e pedia ola, balançava os braços e o povo se matava de gritar.
Com isso, o Rodrigo disse:
"Essa platéia é altamente influenciável, quer ver?
AAaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh"

E não deu outra... O grito se espalhou por pelo menos todo o Inner Circle. Eu tava rindo tanto que não vi se nas arquibancadas tbm tinha gente gritando.
Ri MUITO. Momento memorável no meio de tanto desconforto.

E se acenderam todas as luzes do estádio.
Conforme a gente já esperava, eles tocaram música nacional - nacional só, não: paulistana.
Tocaram Mutantes, Minha menina. uma das minhas favoritas, btw. (No sábado tocaram Trem das Onze)

Depois disso apagaram-se as luzes, começou Space Odity e em seguida Even Better than the real thing.
Depois disso, amigo, não consigo descrever muito mais.

Ouvi boa parte das minhas músicas favoritas, ouvi os clássicos e a melhor surpresa da noite, certamente, foi Zooropa.
Essa música NUNCA havia sido tocada na íntegra em shows. Nem mesmo na época do ZooTV Tour.
Olha... Me arrisco a dizer que foi a melhor parte do show. Eu demorei pra acreditar que era essa música mesmo que tava tocando.
Fiquei triste pq não tocaram a nossa música, e tbm pq não tocaram nenhuma do Pop. Acho esse disco foda e nos dois últimos shows eles não tocaram nenhuma dele. mas de maneira nenhuma isso interferiu no quanto eu achei esse show megalofodaço.

Eu pulei, gritei, cantei, pulei de novo, tirei umas fotos legaizinhas e pulei mais, e cantei mais... E foi perfeito.
E cabô!

Espero que voltem, e se voltarem dormirei de novo na calçada, feliz da vida.
Valeu a espera, compensou o desconforto, valeu a pena cada centavinho gasto.
Como eles mesmos dizem sobre o show: é o maior espetáculo da Terra. E eu tava lá.

Confesso que me arrependi de não ter comprado ingressos pro show de quarta-feira. Eu ouvi pelo streaming do Terra e foi impecável.
Murphy não podia me largar, e claro, o "tema do namoro" tocou sábado, lembra?
Não tocou domingo.
E adivinha: tocou quarta-feira!! Porra, Murphy!

E foi isso.
Desculpa o post kilométrico. Eu detesto posts do tipo "querido diário" mas eu tinha que registrar, pq fatalmente esses detalhes vão começar a sumir. Talvez não os do show, mas a saga...